terça-feira, 18 de agosto de 2009

The Lucky ones e Blue State


Coincidentemente vi esses dois filmes no mesmo dia e por entender que, no fundo, possuem a mesma temática, faço aqui um post duplo.
The Lucky Ones traz a história de três mariners que estão voltando para casa, após um longo período, com uma licença de 30 dias. O tempo que estiveram fora foi suficiente para que o mundo em que viviam conseguisse se adaptar às suas ausências. Trata-se do mito do retorno, onde esperamos encontrar tudo exatamente como deixamos, como se pudéssemos guardar nossas vidas pregressas em uma dimensão atemporal.
Já em Blue State temos um democrata frustrado com a reeleição de Bush que decide mudar-se para o Canadá como forma de protesto. Para arranjar um companheiro de viagem, ele espalha diversos anúncios, faz algumas entrevistas e acaba decidindo-se por uma bela e misteriosa garota. Seguindo rumo ao norte, eles fazem uma parada estratégica na casa dos pais do protagonista, um casal republicano e defensor das guerras. Então descobrimos que o irmão dele foi morto em combate no Iraque, e que a misteriosa moça, na verdade, é uma mariner tentando escapar da guerra fugindo para o Canadá. Claro que os dois se apaixonam na viagem e decidem voltar para os EUA e blá, blá, blá.
Na real são dois filmes leves, desses feitos para assistirmos sem pensar muito. Mas não deixa de ser interessante observar como a guerra está enraizada na cultura e presente nas relações entre os americanos. Felizmente percebo que muitos já a tratam como uma estupidez.

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Mil anos de orações (A thousand years of good prayers)

Qual a verdadeira distância que nos separa de algumas pessoas, a física ou a emocional? Uma jovem chinesa, divorciada, que mora há muitos anos nos Estados Unidos, recebe a visita de seu pai, viúvo e aposentado. A todo momento observamos que há um abismo entre eles, algo muito maior do que os milhares de quilômetros que separam EUA e China. Vemos a jovem passar os dias fora, criando programas para não voltar para casa. Com isso o filme se desenrola a partir do pai que tenta entender o mundo em que a filha vive para poder se aproximar dela. Ele passa seus dias cozinhando, indo ao parque e acaba conhecendo uma senhora iraniana, com quem constrói uma amizade onde cada um fala em sua língua. Quando o choque entre pai e filha torna-se inevitável, entendemos porque existe a falta de conexão entre os dois. É um filme para compreender a solidão que existe apesar das tênues linhas que nos unem aos outros.

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

O Senhor das Moscas - William Golding

Um avião cheio de crianças e adolescentes ingleses cai em uma ilha deserta. No início tudo parece uma brincadeira, todos estão descobrindo a liberdade, como em uma colônia de férias na praia. A ausência de adultos faz com eles criem uma organização na ilha, elegendo um líder e copiando algumas convenções sociais e políticas que tinham em terra firme. Até a metade do livro tive a impressão de estar diante do roteiro de um filme da Sessão da Tarde, onde crianças se metem em várias confusões até constituírem uma república infantil sem a influência de adultos bobos e chatos. Mas a obra surpreende e acaba mostrando como o homem (e as crianças) é selvagem e cruel na sua essência, longe das amarras sociais. Mortes, traições e destruições garantem o argumento e nos conduzem até um final heróico e feliz, na medida do possível.

quarta-feira, 29 de julho de 2009

4 meses, 3 semanas e 2 dias (4 luni, 3 saptamâni si 2 zile)

Outro filme vencedor da Palma de Ouro em Cannes. De comum com o último vencedor temos uma fotografia realista e dura, a ausência de trilha sonora e um clima tenso que permanece durante todo o filme. Trata-se de uma produção romena com um tema bastante polêmico: o aborto. Ambientado no ano de 1987, a história mostra uma Romênia ainda fechada ao capitalismo, mas com todas as formas de comércio paralelo, onde muitas vezes o dinheiro não vale nada. Pode-se conseguir de tudo no mercado negro, inclusive um aborto. É nesse cenário que o filme mostra algumas horas no dia em que uma jovem resolve interromper sua gravidez. Percebemos a qualidade da obra quando começamos a sentir um desconforto com toda aquela situação, que tem seu ponto alto na cena em que a amiga da jovem precisa se livrar do feto, uma vez que o próprio médico a aconselha a não jogá-lo na privada e a não enterrá-lo por causa dos cães.

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Entre os Muros da Escola (Entre les Murs)

A obra ganhou a Palma de Ouro no Festival de Cannes e foi indicado ao Oscar de melhor filme estrangeiro. Penso que todo esse reconhecimento se deve a forma crua e seca como o filme retrata a rotina em uma escola pública da periferia de Paris. Dentro da sala de aula temos uma amostra do choque de culturas existente na cidade, onde árabes, africanos, asiáticos e franceses convivem em uma harmonia forçada. Diante desse cenário, os professores precisam lidar com diferentes valores e com o total descaso de adolescentes na casa dos treze e catorze anos. Por tudo isso temos um filme interessante, pois nos revela uma realidade incomum no cinema e que muitas vezes nos passa despercebida no cotidiano.

sexta-feira, 24 de julho de 2009

Lavoura Arcaica - Raduan Nassar

Puta que Pariu! Essas foram as primeiras palavras que pronunciei após acabar a leitura. Que linguagem rica, lírica, que construções, que metáforas ("...e batia a pedra do punho contra o peito.") Atrevo-me a dizer que é um livro intraduzível. Sei que a obra já está em diversos países, mas duvido que exista um pessoa capaz de ter tanto conhecimento em duas línguas. É uma obra-prima, um livro que todos que sentem paixão pela nossa língua deveriam ler.
Admito, ainda, que nunca tive o costume de ler um livro antes do filme. A grande quantidade de livros, filmes e histórias sempre me assustou ao ponto de achar que isso seria uma perda de tempo, um esforço repetido. Mas Lavoura Arcaica já foi filmado em 2001, e na época eu já havia gostado muito da produção. Agora preciso rever o filme com outros olhos. Será duro superar minha nova expectativa.

quinta-feira, 23 de julho de 2009

A culpa é do Fidel! (La faute à Fidel!)


O período histórico que compreendeu o fim dos anos 60 e o início dos 70 influenciou o pensamento e a cultura ocidental de tal maneira que até hoje vemos ecos daquele tempo. Neste excelente filme francês vemos as mudanças que ocorrem numa família por conta das revoluções através dos olhos de uma menina. Basicamente é a mesma temática de outros bons filmes como Kamchatka (o melhor deles), Machuca e O ano em que meus pais saíram de férias, onde vemos os anos de chumbo da américa latina pelos olhos de crianças.
Mas em A culpa é do Fidel vemos o humor de como nomes e conceitos são aprendidos pelas duas crianças e a transformação que elas sofrem. A menina era uma reacionária, estudava em um colégio católico e adorava as aulas de religião, mas acaba entendendo como tudo era mascarado e superficial. O filme é uma lição de história, sendo um belo retrato de um período que começa em Franco e acaba na morte de Allende, no Chile.

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Música Anterior - Michel Laub

Este é um livro-modelo. Explico. Tudo começa por uma boa editora, o que resulta em um projeto gráfico atrativo, com um tamanho bom, peso aceitável e papel de qualidade. Particularmente não gosto de livros pesados, e muitas vezes um projeto gráfico malfeito acaba com a minha atração pela obra.
Toda esses atributos agradáveis do livro como objeto físico são complementados por uma premissa pesada, o que torna a soma um resultado perfeito. Um juiz, perturbado e frustrado com a notícia que não pode ter filhos, tem pela frente um processo no qual o réu é acusado de estuprar uma criança. Ao julgá-lo culpado, o juiz embarca numa viagem através de fatos que marcaram a sua vida, e nós, entramos dentro da história do acusado. Um final surpreendente, uma narrativa cuidadosa, uma obra que seguiu à risca o manual de como fazer um bom livro.

sexta-feira, 3 de julho de 2009

Entre o Bem e o Mal

Eis um filme dinamarquês. Calma, posso aumentar a carga de estranheza: uma comédia dinamarquesa. E não é que se trata de um bom filme? Um padre recebe pessoas com problemas em sua paróquia, quase como em uma clínica de reabilitação. Nesse cenário chega o novo fiel/paciente, um neonazista. Ele encontra um abiente capaz de enlouquecer qualquer pessoa. Seus companheiros de paróquia são um ex-tenista alcoólatra e cleptomaníaco, uma grávida com potenciais chances de ter um filho deficiente e um árabe maluco por armas e disposto a acabar com a empresa de petróleo. Todas as piores coisas possíveis acontecem com o padre. Ele é fruto de um incesto, sua esposa morreu no parto e seu filho nasceu com paralisia. Mas para o padre, tudo isso não passa de desafios impostos pelo diabo. Aí, nosso protagonista neonazista apresenta ao padre o livro de Jó (aquele que Jeová detona no antigo testamento) e mostra que tudo o que acontece é obra de Deus. Uma comédia divertida sobre a fé, com pitadas de um humor negro que não é comum por aqui.

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Cadillac Records

Confesso que sou um analfabeto musical. Nunca tive capacidade para tocar um instrumento, apreciar música clássica ou entender a evolução dos estilos. Talvez por isso eu tenha gostado tanto desse filme.
Aprendi que música folk tocada pelos negros no sul dos Estados Unidos originou o blues, que influenciou o rock and roll, o rap, o R&B, o hip hop. O filme traz a história da gravadora Chess Records que revelou nomes importantes como Muddy Waters, Little Walter, Etta James, Howlin Wolf e Chuck Berry. Compreendendo o período histórico entre a década de 40 e o fim dos anos 60, temos uma imagem da época, do racismo, das dificuldades dos cantores de se adaptar a nova realidade financeira. Como tudo, a gravadora tem a ascensão, o apogeu e a queda, e todas as fases estão muito bem apresentadas.

terça-feira, 30 de junho de 2009

Quando você viu seu pai pela última vez?

A relação pai e filho é muito complicada. Muitas vezes torna-se uma competição, acontecem atritos e há uma mistura de sentimentos como respeito, ódio e amor. Aqui temos a história de um escritor que vai visitar seu pai nos últimos momentos de vida. A partir do reencontro, ele começa a relembrar e interpretar passagens marcantes de sua vida que estão carregadas pela relação complicada com o pai.
Para ser bastante sincero, este filme me pareceu uma versão do "Peixe Grande e Suas Histórias Maravilhosas", só que menos mágica e emocionte. Quer uma dica? Se você reservou duas horas para este filme, volte atrás e assista o "Big Fish" de Tim Burton.

segunda-feira, 29 de junho de 2009

O Curioso Caso de Benjamin Button

Muito alarde foi feito quando este filme chegou nas telonas. A história é insólita e incrível, criada pelo mestre Scott Fitzgerald. Como seria a vida de uma pessoa se ela começasse pelo fim? Se ao invés de envelhecer, a pessoa fosse rejuvenescendo? Partindo dessa ótima premissa, o roteiro acaba se perdendo em alguns pontos. Não gostei de ver a história ser contada por uma personagem velha e moribunda em seu leito de morte. Sempre me pareceu uma forma clichê de narrar uma história. Outra coisa que me incomodou foi um causo apresentado no início, de um relojeiro que construiu um relógio que andava ao contrário como forma de protesto contra a perda de seu filho na guerra. A história em si é interessante, mas a ligação dela com o menino que nasce velho, Benjamin Button, é forçada.
Os atores estão ótimos. A direção de arte, a fotografia e a maquiagem valem o ingresso. Devo admitir que é um bom filme, muito bem feito, mas nada excepcional.

quarta-feira, 24 de junho de 2009

Dentes Guardados - Daniel Galera

Seria apenas um bom livro de contos não fosse um detalhe: o autor o escreveu aos 22 anos. Claro, não vamos pensar que estamos diante de um novo gênio da literatura, como Clarice Lispector que já escrevia fodasticamente bem aos 16 anos, mas trata-se de um começo promissor. Hoje, Daniel Galera tem vários títulos editados e seu último romance "Cordilhiera" parece ser muito bom, tanto que ganhou alguns prêmios.
Os contos tem uma forte carga autobiográfica (apesar do autor dizer que não) e falam das experiências (principalmente sexuais e amorosas) de jovens de classe média, levemente desiludidos com uma vida sem objetivos. O livro vale, e muito, por esse retrato da juventude, do vazio, de um futuro enfadonho que se anuncia, da vontade de largar tudo e viver de amor, de arte e de sonhos.

quarta-feira, 17 de junho de 2009

Rudo y Cursi

A história pode parecer comum a nós, brasileiros, mas é interessante mostrar para quem não é um latino apaixonado por futebol a importância desse esporte no nosso continente. Rudo e Cursi são dois irmãos que vivem no interior do México e trabalham em uma plantação de banana. Durante uma pelada são descobertos por Batuta, um olheiro que tem muitos contatos com os clubes da capital. Logo os dois estão jogando na primeira divisão mexicana, Rudo como goleiro e Cursi como atacante, ganhando grana e se envolvendo em toda a sorte de problemas que surgem quando se ganha muito dinheiro rapidamente. É um filme que mostra a paixão pelo futebol, a tensa relação de amor e ódio entre irmãos e que quem nasceu para dez-réis, não chega a vintém. Repare no hilariante sotaque do caipira mexicano.

segunda-feira, 15 de junho de 2009

Big Nothing


É ótimo quando começamos a ver um filme na TV sem nenhuma expectativa. Zapeando em uma manhã fria de sábado, vejo o ator que fazia o papel de Ross na extinta série Friends. Não que ele não seja um bom ator, mas não fez nada de relevante após o seriado. Apenas pelas boas lembranças que tenho de Friends concedo alguns segundos da minha atenção ao filme em questão. Eis que logo o filme termina. Olho indignado para o relógio e, espantado, percebo que realmente se passaram 100 minutos de filme.

Fui surpreendido por uma edição ágil, um roteiro bem amarrado, boas atuações. Lembrou-me muito os filmes de Guy Ritchie. Um mal-sucedido escritor, desiludido e desempregado, tenta arranjar uma forma de não precisar depender exclusivamente do salário de sua esposa, uma policial. Acaba entrando em uma chantagem milionária com outros dois personagens misteriosos. Claro que o filme se desenrola a partir do que dá errado no plano. Uma comédia inteligente, divertida, com boas idéias. Fique atento para as brincadeiras com os serial killers.

quarta-feira, 10 de junho de 2009

Humana Flor - Andréia Horta

Não sei se por desleixo ou por acaso tenho lido pouca poesia ultimamente. Confesso que este é o gênero que mais me mete medo, pois muitas vezes leio coisas que não faço a menor idéia de como foram criadas e sei que jamais terei capacidade de fazer algo parecido.
Outro lapso em minhas leituras são as mulheres contemporâneas. Novamente não posso afirmar que seja culpa do meu desleixo ou do acaso, mas não encontrava vozes de autoras por aí. Até que chegou em minhas mãos (gracias, Wendell) esse livrinho, feito artesanalmente. São mais de 100 poemas que tratam do amor, das relações, das despedidas, das saudades, mas também há espaço para a revolta social e para a nostalgia. É interessante ver a sensibilidade feminina nos pequenos detalhes, uma visão totalmente diferente. Deixo aqui o poema 31:

"É aqui"
E colocava a mão no ventre
"É aqui que você me bagunça".

Mas calma, nem tudo são flores. Creio que uma revisão não faria mal a obra. Claro que a poesia usufrui de uma certa liberdade, mas alguns errinhos ortográficos irritam. Além disso, alguns poemas estão um pouco abaixo da média do livro e poderiam ser suprimidos numa próxima edição.

terça-feira, 9 de junho de 2009

Ninho Vazio (El nido vacio)


Como um casal deve reagir quando os filhos crescem e vão embora de casa? Esse é o argumento principal desse bom filme argentino. O desafio de deixar de ser pai ou mãe para voltar a ser homem ou mulher é mostrado por ótimos atores, por uma boa direção e pela característica fotografia hermana. Redescobrir a pessoa que esteve a seu lado durante tanto tempo, e que agora te parece um estranho. Redescobrir uma sexualidade deixada de lado. Através do filme vamos navegando pela história de um casal que perdeu sua função e que agora precisa se reinventar. Mas o grande diferencial do filme é mostrar isso do ponto de vista masculino, do marido que vai tentando entender como as coisas devem caminhar a partir dessa nova fase do casamento.

quinta-feira, 4 de junho de 2009

O lutador (The wrestler)

Acabo de assistir ao filme “O Lutador” (The Wrestler). Hollywood, às vezes, nos apronta boas surpresas. Não que seja um filme brilhante, inesquecível, mas é uma história diferente. Nos últimos anos tem aparecido uma série de filmes pessimistas nos EUA. Vemos uma depressão social, o fim do american dream. Diferentemente dos europeus, os americanos apenas agora começam a admitir em larga escala o quão vazias são suas pobres vidas.

O filme se baseia em dois personagens centrais: um ex-lutador de wrestiling em atividade e uma stripper em fim de carreira. É interessante observar como podemos passar uma vida inteira se escondendo atrás de um trabalho. "O trabalho dignifica o homem". Agora, quando enxergamos o fim da nossa atividade, percebemos que nos dedicamos com afinco ao nada. E nessa hora o lado pessoal, deixado de lado tanto tempo, vem à tona para nos jogar na cara o quanto fomos estúpidos. No fim descobrimos que apenas existimos no trabalho, na nossa função social.

Os dois atores estão em atuações primorosas. Minha única restrição é quanto ao final, que descamba um pouco para o drama apelativo. Duas cenas a menos e teríamos um puta filme.

quarta-feira, 3 de junho de 2009

A Primeira Mulher - Miguel Sanches Neto

Admiro quando um autor consegue dificultar a vida dos críticos, passear por diferentes estilos e ainda entreter seus leitores. É praticamente impossível classificar o livro. Será um romance policial, uma novela, um drama? Começamos o livro dentro da cabeça de um professor solteirão e solitário, que sai com alunas como uma forma de preencher um vazio existencial. Logo nos reencontramos com um antigo amor do passado, a primeira paixão, que agora está envolvida em uma trama político-criminosa. Passamos boa parte do livro entretidos com uma boa trama policial, dessas que economizamos as leituras na esperança de que dure mais. Para nossa surpresa, os bandidos são apontados sem maiores entusiasmos e somos transportados para um sensível drama sobre a relação mãe-filho, que apesar de estar presente em todo o enredo, ganha força no final.

Personagens profundos, temas atuais, um romance camaleão, que se desenvolve conforme o leitor. Um grande livro com certeza.

Nota: o título é maravilhoso, primeira mulher pode significar o primeiro amor, a mulher política, ou, o que nos é revelado, a mãe.

terça-feira, 2 de junho de 2009

Caos Calmo


Belíssimo filme. Nanni Moretti é o responsável por essa bonita história, através do roteiro e de uma primorosa atuação. Creio que tudo que vivemos até entrar na sala escura do cinema é determinante para configurar nossas impressões sobre o filme. Quem perdeu alguém que amava vai encontrar uma grande história, com excelentes atores e personagens profundos. Através de uma sensibilidade longe da pieguice, vamos descobrindo as transformações que uma perda origina nas pessoas e nas suas relações. Caos Calmo, eu recomendo.

segunda-feira, 27 de abril de 2009

Vicky Cristina Barcelona

Tenho gostado dos últimos filmes do Woody Allen, nos quais ele não atua. Infelizmente ele sempre acaba fazendo o papel dele mesmo, e os coadjuvantes não ganham a devida atenção. Quando ele está apenas atrás das câmeras, seus personagens são mais complexos, cheios de características marcantes.
É exatamente isso que ocorre em Vicky Cristina Barcelona, um filme que traz todo o talento de Woody Allen na direção e no roteiro. Tudo gira ao redor dos personagens e da leitura irônica de suas vidas. Percebemos como as pessoas lutam contra o que realmente são para criar uma outra identidade, que acaba sendo um personagem. Destaque para o pai do pintor Juan Antonio, que odeia o mundo e, para se vingar, escreve lindos poemas e nunca os revela. Sensacional.